Mundo
Guerra no Médio Oriente
Gaza. "Estamos à beira da derrota", avisa ex-chefe da Mossad
O antigo chefe dos serviços secretos de Israel (Mossad), Tamir Pardo, acrescenta ao alerta uma certeza: as condições humanitárias na Faixa de Gaza são o "resultado direto das ações de Israel".
Tamir Pardo faz parte de um grupo formado por ex-altos funcionários de Israel que garantem que o Hamas já não representa uma ameaça estratégica e apelam ao cessar-fogo e à libertação de reféns. "Escondemo-nos atrás de uma mentira que nós criamos. Essa mentira foi vendida ao público israelita, mas o mundo já percebeu que isso não corresponde à realidade”, defende o ex-responsável pela Mossad.
São cerca de 600 os nomes de antigos líderes da segurança de Israel, incluindo da Mossad, da
Agência de Segurança Interna (Shin Bet), das Forças Armadas e do corpo
diplomático. Eles escreveram a Donald Trump a pedir que pressione Benjamin Netanyahu. Os signatários não têm dúvidas que é necessário acabar com a guerra, resgatar os reféns e cessar o sofrimento de civis.
Estes antigos dirigentes defendem ainda o estabelecimento de uma coligação regional e internacional para apoiar a Autoridade Palestiniana e, após ser reformada, oferecer uma alternativa viável ao Hamas.
Yoram Cohen, ex-diretor da Shin Bet, também citado pela imprensa internacional, garante que o governo israelita está a ser controlado por uma minoria radical. O governo está a ser “conduzido numa direção irracional por fanáticos messiânicos [que] ditam a política do país”.
Por isso, este movimento que se auto-intitula “Comandantes pela Segurança de Israel” (CIS) pede ajuda ao presidente dos Estados Unidos.
Na carta aberta divulgada esta segunda-feira lê-se que a “credibilidade [de Trump] junto da maioria dos israelitas aumenta a sua capacidade de orientar o primeiro-ministro na direção certa: acabar com a guerra, devolver os reféns, pôr fim ao sofrimento”.
Segundo o texto, os dois principais objetivos militares da guerra —
desmantelar o governo do Hamas e a estrutura militar — já foram
atingidos. “O terceiro objetivo, e o mais importante, só pode ser
alcançado com um acordo: trazer todos os reféns de volta para casa”,
destaca a carta.
A carta foi assinada por cerca de 600 personalidades de Israel incluindo três ex-chefes da Mossad, cinco ex-líderes do Shin Bet e três ex-chefes do Estado-Maior das Forças Armadas de Israel.
Um outro antigo diretor do Shin Bet, Ami Ayalon, também signatário da carta aberta, afirma que o conflito já ultrapassou os limites de uma “guerra justa” e agora ameaça “a identidade moral do Estado de Israel”.
Numa declaração de vídeo, divulgada na rede social X, ele sublinha que os signatários todos juntos acumulam “mais de mil anos de experiência em segurança nacional e diplomacia” e participaram dos processos decisórios mais sensíveis de Israel.
Ainda não se sabe se Trump vai exercer qualquer tipo de pressão sobre Netanyahu. O presidente norte-americano tem mantido o apoio constante ao governo israelita.
Ainda não se sabe se Trump vai exercer qualquer tipo de pressão sobre Netanyahu. O presidente norte-americano tem mantido o apoio constante ao governo israelita.
Ainda assim, Trump já veio reconhecer publicamente que há “fome” em Gaza, contrariando declarações de Netanyahu.
A ONU já alertou que a situação na Faixa de Gaza é “o pior cenário possível de fome”. Pelo menos 180 pessoas morreram de fome. Entre os mortos estão os corpos de 93 crianças.
Se quiser saber mais, veja também o trabalho da organização Breaking The Silence com antigos militares israelitas.